Efeito Tiro Pela Culatra Quando A Fakenews Causa Estrago

Efeito Tiro Pela Culatra Quando A Fakenews Causa Estrago

Efeito Tiro Pela Culatra Quando A Fakenews Causa Estrago

Publicado: 2018-10-3 por Psicóloga Juliana Gonçalves Oliveira Guedes

O efeito tiro pela culatra é quando a correção de informações falsas ou fakenews reforça, ao invés de corrigir, a crença equivocada de alguém. É um parente da chamada "polarização de opiniões", segundo a qual as opiniões das pessoas sobre tópicos politicamente controversos podem ser mais ou menos extremas quando expostas a contra-argumentos.

A descoberta de que a percepção equivocada é difícil de corrigir não é nova, ela se encaixa com a pesquisa sobre a tenacidade das crenças e a dificuldade de desmascarar.

O efeito tiro pela culatra parece dar um giro extra sobre isso. Se os efeitos tiro pela culatra persistirem, a correção de notícias falsas/fakenews pode ser pior do que inútil, a correção poderia reforçar a desinformação na mente das pessoas. Isto é o que Brendan Nyhan e Jason Reifler alertaram em um artigo de 2010 "When Corrections Fail: The Persistence of Political Misperceptions".

Agora, o trabalho de Tom Wood e Ethan Porter sugere que os efeitos tiro pela culatra podem não ser comuns ou confiáveis. Relatando em seu "The Elusive Backfire Effect: Mass Attitudes" Steadfast Factual Adherence", eles expuseram mais de 10 mil participantes, mais de 5 experimentos e 52 tópicos diferentes, as declarações enganosas de políticos americanos de ambos os principais partidos. Em todas as declarações e em todos os experimentos, eles descobriram que mostrar correções de pessoas afastava suas crenças da informação falsa/fakenews. Houve um efeito de compatibilidade entre a ideologia do participante e do político, mas não foi grande:

Entre os progressistas, 85% das questões viram uma resposta factual significativa á correção, entre os moderados, 96% das questões, e entre os conservadores, 83% das questões. Nenhum tiro pela culatra foi observado para qualquer questão, entre qualquer corte ideológico.

Tudo somado, isso sugere, em suas palavras, que "O efeito tiro pela culatra é muito menos prevalente do que a pesquisa existente indicaria". Longe de serem contraproducentes, correções funcionam. Parte do poder deste novo estudo é que ele usa os mesmos materiais e participantes que o relatório de 2010 relatando efeitos tiro pela culatra, declarações sobre política dos EUA e cidadãos americanos. Embora os números signifiquem que o novo estudo foi convincente, ele não mostra que o efeito tiro pela culatra nunca ocorrerá, especialmente para diferentes atitudes em diferentes contextos ou nações.

Então, não desista de checar os fatos ainda, as pessoas são mais razoáveis em relação ás suas crenças do que o efeito tiro pela culatra sugere.

Psicóloga Juliana Gonçalves Oliveira Guedes

Psicóloga Clínica

Formada em Psicologia pelo Centro Universitário UNA. Atua como psicóloga clínica em consultório particular..