Fadiga por compaixão: Você está doente por se importar

Fadiga por compaixão: Você está doente por se importar

Fadiga por compaixão: Você está doente por se importar

Publicado: 2018-10-17 por Psicóloga Juliana Gonçalves Oliveira Guedes

Psicólogos capacitam colegas, pacientes e familiares repetindo esse mantra para eles em momentos de estresse. Mas, muitas vezes, os psicólogos esquecem de seguir o próprio conselho.

Em algum momento, como qualquer ser humano, psicólogos, falham em reconhecer os próprios limites. Psicólogos sempre assumem outro caso, trabalham mais um fim de semana, fazem outra ligação, sob a premissa de que essa carga de trabalho é o que estão preparados para fazer. Mas o que acontece quando o psicólogo começa a desmoronar?

Fadiga por compaixão ou Estresse Traumático Secundário

A síndrome da Fadiga por Compaixão ou Estresse Traumático Secundário é uma sensação de estresse crônico, esgotamento emocional e tensão frequentemente sentida pelos psicólogos, conselheiros e qualquer pessoa nas profissões de ajuda. É comum que os médicos desenvolvam essa síndrome em algum momento de suas carreiras, dado seu trabalho próximo com aqueles que vivenciam e ouvem histórias de abuso, morte e trauma. O centro dessa síndrome é a incapacidade de um psicólogo se engajar em um relacionamento terapêutico produtivo com um paciente.

Esse fenômeno se manifesta de várias maneiras e difere de um psicólogo para outro. Alguns desenvolvem um trauma secundário, que ocorre quando um psicólogo é exposto indiretamente ao trauma pela voz de seus pacientes. Outros psicólogos experimentam sintomas de ansiedade e depressão, perpetuando seu esgotamento emocional. A empatia esmagadora que os psicólogos dão aos clientes deixa-os esgotados, independentemente das histórias em que vivenciam a Fadiga por compaixão.

A Fadiga por compaixão tem um denominador comum: falta de autocuidado.

É sabido que os psicólogos precisam ter tempo para se cuidar, mas muitas vezes isso é esquecido em alguns momentos, assim os psicólogos se tornam mais suscetíveis a mecanismos de enfrentamento deficientes e a riscos prejudiciais á saúde. De acordo com Norcross (2000), refletir sobre a prática profissional, dedicar um tempo para os psicólogos ter consciência enquanto fornecem tratamento, revisões de casos e identificação de resultados positivos para o cliente são formas de ajudar a preservar "eus profissionais".

Quando não há tempo para isso, os psicólogos apresentam muitos sintomas físicos e psicossociais adversos. As vezes, o corpo pode se tornar tão fraco que desenvolvem sintomas físicos, como febres, dores de estômago e dores no peito. Em casos extremos, os psicólogos podem desenvolver sintomas relacionados ao Transtorno de estresse pós-traumático, apesar do trauma resultante de uma fonte indireta.

O psicólogo começa a se afastar de amigos e familiares, fica obcecado com coisas que nem sempre era aficionado e passa noites se retorcendo e se revirando. Psicólogos se tornam curtos ou distantes com os colegas e os veem incapazes de se concentrar em uma tarefa porque suas mentes estão correndo mais rápido do que podem compreender. Assim se perguntam como chegaram nesta situação.

Procure ajuda

Quando os psicólogos começam a se sentir assim, é importante buscar apoio para validar as próprias emoções. Devem ter empatia consigo mesmo da maneira que fariam com nossos clientes. É Preciso reconhecer a responsabilidade como pessoas que ajudam para primeiro se ajudar a servir melhor as pessoas ao nosso redor. O psicólogo deve trabalhar continuamente para se autoconscientizar e refletir, para que não se dissociem da realidade e se tornem insensíveis aos que lhe rodeiem.

Muitas vezes, é incentivado que os psicólogos procurem terapia ou supervisão para ajudar a administrar a própria saúde mental, especialmente quando lidamos com nossa própria saúde ou problemas familiares. As questões que os clientes enfrentam podem facilmente tornar-se, para o psicólogo, as lutas pessoais e o apoio da terapia pode ajudar a permanecer no caminho certo como médicos e manter os limites profissionais.

Quando os psicólogos estão lidando com a própria perda, trauma ou outra circunstância que altera a vida, um ambiente de apoio pode oferecer a validação necessária para ajudar a avançar, muitas vezes, a mesma validação que é dado aos clientes.

Os psicólogos têm medos e inseguranças e experimentam dor como todos os seres humanos, e devem se tratar com o mesmo cuidado e empatia. Devem lembrar que há muita coragem em procurar ajuda. Psicólogo é humano. Psicólogo não é diferente daquele que ajuda. É hora de começar a praticar o que pregam.

Referência

Cerney, M. S. (1995). Treating the "heroic treaters." In C. R. Figley (Ed.)

15__juliana-guedes.jpg

Psicóloga Juliana Gonçalves Oliveira Guedes

Psicóloga Clínica

Formada em Psicologia pelo Centro Universitário UNA. Atua como psicóloga clínica em consultório particular..