Se você acha que dinheiro não compra felicidade, você não está gastando-o corretamente

Se você acha que dinheiro não compra felicidade, você não está gastando-o corretamente

Se você acha que dinheiro não compra felicidade, você não está gastando-o corretamente

Publicado: 2018-7-26 por Psicóloga Juliana Gonçalves Oliveira Guedes

Quando a maioria das pessoas é solicitada a identificar seus objetivos na vida, o que eles realmente querem na vida, a maioria das pessoas diz que quer ser feliz. Uma vida "feliz" é então definida por um sentimento de contentamento e satisfação consigo mesmo, sua família e relacionamentos com os outros, seu trabalho, seu lar, etc., mas sempre há espaço para lutar por metas ou facetas não aturadas da vida para ser melhorado. Em alguns aspectos, todos nós nos esforçamos continuamente para sermos felizes de uma maneira ou de outra pela duração de nossas vidas.

Em um artigo aqui do PsiPsi que a Psicóloga Juliana Gonçalves Oliveira Guedes escreveu mostra uma pesquisa feita sobre como o dinheiro bem gasto pode trazer felicidade.

Em outro artigo mostra a correlação entre ambiente e felicidade ou depressão.

"Sentir-se bem" ou "ser feliz" é um objetivo terapêutico comum identificado por nossos pacientes quando eles inicialmente se encontram conosco, mas o que realmente significa ser feliz e como se consegue esse sentimento de satisfação?

O velho ditado "O dinheiro não compra a felicidade" vem á mente. Um professor de Harvard decidiu refutar essa ideia, mas ele não fez isso. Ele aprendeu algo muito interessante ... como comprar felicidade.

Transcrição

Hoje quero falar sobre dinheiro e felicidade, que são duas coisas sobre as quais muitos de nós passamos muito tempo pensando, ou tentando ganhá-las ou tentando aumentá-las.
E essa frase repercute em muitos de nós. Vemos em religiões e em livros de autoajuda, que dinheiro não traz felicidade. E quero sugerir aqui hoje que, na verdade, isso está errado. (Risadas)
Estou em uma escola de administração, e é o que fazemos. Isso é errado e, na verdade, se vocês pensam assim, não estão gastando seu dinheiro de maneira correta. Então, em vez de gastar como vocês fazem normalmente, talvez se vocês gastassem de um jeito diferente, as coisas funcionariam um pouquinho melhor. E antes que eu indique maneiras de gastar que lhes farão mais felizes, vamos pensar sobre maneiras como normalmente gastamos e que na verdade não nos fazem mais felizes. Fizemos uma pequena experiência. A CNN, há um tempo atrás, escreveu um artigo interessante sobre o que acontece com as pessoas quando ganham na loteria. Acontece que elas acham que quando ganharem na loteria, suas vidas serão maravilhosas. Esse artigo é sobre como a vida delas fica arruinada. Então, o que acontence quando as pessoas ganham na loteria é que, número um, elas gastam tudo e se endividam, e número dois, todos os seus amigos e todo mundo que elas já conheciam antes as encontram e as aborrecem por causa do dinheiro. E isso, com certeza, estraga suas relações sociais. Assim, elas ficam com mais dívidas e amizades piores do que tinham antes de ganharem na loteria. O interessante nesse artigo foi o fato de que os leitores começaram a comentar sobre ele e ao invés de falar sobre como o artigo os fez perceber que dinheiro não traz felicidade, todos começaram a dizer: "Sabe o que eu faria se ganhasse na loteria ...?" e a fantasiar sobre o que fariam. E aqui estão apenas dois dos exemplos que vimos, e que são bem interessantes para pensarmos a respeito. Uma pessoa escreveu, "Quando eu ganhar, vou comprar minha própria montanha e construir uma casinha no topo." (Risadas) E outra pessoa escreveu, "Eu encheria de dinheiro uma banheira enorme e entraria nela fumando um charuto bem grosso e bebendo uma taça de champagne." E o que é ainda pior: "Daí, eu mandaria tirar uma foto e faria dezenas de cópias. Qualquer um que implorasse por dinheiro ou tentasse me extorquir receberia uma cópia da fotografia e nada mais." (Risadas) E muitos dos comentários eram bem desse tipo, sobre pessoas que ganharam dinheiro e isso, de fato, as tinha tornado antissociais. Bem, eu disse que a vida das pessoas fica arruinada e que seus amigos as aborrecem. Além disso, o dinheiro muitas vezes nos torna egoístas e fazemos coisas só para nós mesmos. Bem, talvez a razão pela qual o dinheiro não nos faz felizes, é porque estamos sempre gastando em coisas erradas, e principalmente porque estamos sempre gastando conosco. E pensamos, imagino o que aconteceria se fizéssemos as pessoas gastarem mais o seu dinheiro com outras pessoas. Então, ao invés de serem antissociais com seu dinheiro, que tal se vocês fossem mais prossociais com ele? E pensamos, vamos levar as pessoas a fazer isso e ver o que acontece. Então deixemos algumas pessoas fazerem o que normalmente fazem gastando dinheiro com si próprias, e levemos outras pessoas a doarem seu dinheiro, e mediremos a felicidade delas para verificar se, de fato, elas ficarão mais felizes. Então, eis a primeira maneira como fizemos isto: numa manhã em Vancouver, andamos pelo campus da Universidade da British Columbia, e abordamos as pessoas, perguntando: "Você quer participar de um experimento?" Elas disseram: "Sim." Perguntamos até que ponto eram felizes e lhes demos um envelope. E num dos envelopes havia frases como, "Gaste este dinheiro consigo mesmo até as 5 da tarde de hoje." E demos exemplos de coisas com as quais poderiam gastar. Outras pessoas, pela manhã, receberam um pedaço de papel que dizia, "Gaste este dinheiro com outra pessoa até as 5 da tarde de hoje." Dentro do envelope também havia dinheiro. E manipulamos a quantia em dinheiro que demos a elas. Deste modo, algumas receberam esse pedaço de papel e cinco dólares. Outras receberam esse pedaço de papel e 20 dólares. Deixamos as pessoas cuidarem de suas vidas. Elas fariam o que quisessem. Descobrimos que elas, na verdade, gastaram o dinheiro conforme pedimos. Ligamos para elas á noite e perguntamos, "Em que você gastou, e até que ponto se sente feliz agora?" Em que elas gastaram? Bem, estamos falando de estudantes universitários, então muitos deles gastaram com eles mesmos, em coisas como brincos e maquiagem. Uma mulher disse que comprou um bicho de pelúcia para a sobrinha. Outros deram dinheiro para desabrigados. Houve uma grande repercussão no Starbucks. (Risadas) Se você der cinco dólares a universitários, essa quantia vai lembrar café para eles e eles vão correr para o Starbucks para gastá-la o mais rápido possível. Algumas pessoas compraram café para si mesmas, como sempre fizeram, mas outras disseram que compraram café para outras pessoas. Assim vemos o mesmo tipo de compra, direcionada a você mesmo ou direcionada a outra pessoa. O que descobrimos quando ligamos de volta para essas pessoas no fim do dia? Aquelas que gastaram dinheiro com outras pessoas ficaram mais felizes. Mas nada aconteceu áquelas que gastaram dinheiro com si próprias. Não ficaram menos felizes, apenas não significou muito para elas. E outra coisa que vimos é que o valor do dinheiro não importa muito. Então, as pessoas acharam que 20 dólares seria bem melhor que 5 dólares. Na verdade, não importa o quanto que você gasta. O que importa mesmo é que você gaste com outra pessoa e não com você mesmo. Vemos isso várias vezes, toda vez que damos dinheiro para as pessoas gastarem com outras pessoas ao invés de gastarem com si próprias. Claro, esses universitários moram no Canadá -- e não são a população mais representativa do mundo. Eles são também razoavelmente ricos e abastados e tudo o mais. Queríamos ver se esse experimento seria verdadeiro no mundo todo ou apenas nos países ricos. Então fomos para Uganda e fizemos um experimento bem parecido. Imagine, ao invés de só com pessoas no Canadá, dissemos: "Me diga qual foi a última vez que você gastou dinheiro com você mesmo ou com outra pessoa. Descreva como foi. Até que ponto Isso te fez feliz?" Ou na Uganda: "Me diga qual foi a última vez que você gastou dinheiro com você mesmo ou com outras pessoas e descreva isso." E novamente perguntamos até que ponto elas são felizes. E o que vemos é algo maravilhoso porque existem regras humanas universais de como usar seu dinheiro e existem verdadeiras diferenças culturais que também te ditam o que fazer. Por exemplo, um rapaz da Uganda diz algo assim. Ele disse: "Eu liguei para uma menina que eu desejava namorar." Eles basicamente tiveram um encontro, e no final, ele diz que não a "conquistou" até agora. Aqui está um rapaz do Canadá. Um caso bem parecido. "Eu levei minha namorada para jantar fora. Fomos ao cinema, saímos cedo de lá, e voltamos para o dormitório dela para ... " só pra comer bolo -- só um pedaço de bolo. Regra humana universal -- se você gasta dinheiro com outras pessoas, você está sendo legal com elas. Talvez você tenha algo em mente, talvez não. Mas então vemos diferenças extraordinárias. Veja esses dois exemplos. Essa é uma mulher do Canadá. Nós dizemos, "Conte-nos sobre uma vez em que você tenha gasto dinheiro com outra pessoa." Ela diz, "Eu comprei um presente para minha mãe. Fui de carro até o shopping , comprei um presente e dei para minha mãe. Uma coisa absolutamente legal de ser fazer. É bom comprar presentes para as pessoas que vocês conhecem. Compare isso com essa mulher da Uganda: "Eu estava caminhando e encontrei uma antiga amiga que tinha um filho com malária. Eles não tinham dinheiro, foram a uma clínica e eu dei esse dinheiro a ela." Isso não é $10,000, é a moeda local. Na verdade estamos falando de uma quantia bem pequena. Mas essas são motivações extremamente diferentes. Isso é uma questão de saúde, literalmente uma doação para se salvar vidas. Acima, é algo tipo, comprei um presente para minha mãe. Mas o que vemos de novo é que a maneira especial como você gasta com outras pessoas não é nem de perto tão importante quanto o fato de você gastar com outras pessoas para fazer feliz a si próprio, o que é realmente muito importante. Logo, você não tem que fazer coisas maravilhosas com o seu dinheiro para fazer feliz a si próprio. Você pode fazer coisas pequenas e triviais e ainda assim conseguir benefícios ao fazer isso. Esses são somente dois países. Queríamos também ir mais além e olhar para todos os países do mundo se pudéssemos, para ver qual é a relação entre dinheiro e felicidade. Coletamos dados da Organização Gallup, que vocês conhecem das enquetes políticas que vêm acontecendo ultimamente. Eles perguntam ás pessoas, "Você tem feito doação em dinheiro para caridade recentemente?" e eles perguntam: "Até que ponto você está feliz com sua vida de modo geral?" E podemos ver qual é a relação entre essas duas coisas. Elas estão relacionadas positivamente? Dar dinheiro te faz feliz. Ou elas estão relacionadas negativamente? Neste mapa, a cor verde significa que elas estão relacionadas positivamente e vermelho significa que elas estão relacionadas negativamente. E como podem ver, o mundo é loucamente verde. Então, em quase todos os países do mundo, onde obtemos esses dados, as pessoas que dão dinheiro para caridade são mais felizes do que as pessoas que não o fazem. Sei que estão todos olhando para o país vermelho que está no meio. Eu seria um tolo e não lhes diria que país é esse, mas na verdade, é a República da África Central. Vocês podem inventar histórias. Talvez lá seja diferente por uma razão ou outra. Logo abaixo, mais para a direita está Ruanda, que é surpreendentemente verde. Para quase todos os lugares em que olhamos vemos que dar dinheiro lhes faz mais felizes do que guardá-lo para si mesmos. E suas vidas profissionais, que é onde passamos todo o resto do tempo quando não estamos com as pessoas que conhecemos? Decidimos nos infiltrar em algumas empresas e fazer algo bem parecido. Essas são equipes de vendedores na Bélgica. Eles trabalham em equipes, eles saem para vender para médicos e tentam fazer com que eles comprem os medicamentos. Então podemos olhar e ver como eles vendem bem os produtos atuando como membros de uma equipe. Damos para as pessoas de algumas equipes um dinheiro para elas e dizemos: "Gaste com você, como quiser," do mesmo modo que fizemos com os universitários no Canadá. Mas, para outras equipes, dizemos: "Aqui estão 15 euros. Gaste com um de seus colegas essa semana. Compre algo como um presente ou uma lembrança e dê a ele. Então podemos ver que, agora temos equipes em que as pessoas gastam com elas mesmas e temos essas equipes prossociais para quem damos dinheiro para tornar a equipe um pouquinho melhor. A razão pela qual eu tenho uma pinhata ridícula aqui é porque uma das equipes reuniu todo o seu dinheiro e comprou uma pinhata, e eles se reuniram, estraçalharam a pinhata e todas as balas caíram e coisa e tal. Uma coisa boba e trivial de se fazer, mas pensem na diferença em relação a uma equipe que não fez esse tipo de coisa, que pegou 15 euros, colocou no bolso, talvez tenha comprado café para si mesma, ou as equipes que tiveram essa experiência prossocial onde elas se uniram para comprar algo e fizeram uma atividade em grupo. O que vemos é que, de fato, as equipes que são mais prossociais vendem mais coisas do que as equipes que pegaram o dinheiro só para si mesmas. E uma maneira de analisar isso é que para cada 15 euros que você dá para as pessoas gastarem com si mesmas, elas colocam o dinheiro no bolso, e não fazem nada de diferente do que elas faziam antes. Vocês não ganham nenhum dinheiro com isso. Na verdade, vocês perdem dinheiro porque não há motivação para fazerem algo melhor. Mas quando vocês lhes dão 15 euros para gastarem com seus colegas de equipe, eles fazem tão bem para suas equipes, que vocês conseguem um grande ganho com esse tipo de investimento. E eu noto que vocês provavelmente estão pensando consigo mesmos, isso tudo é muito bom, mas existe um contexto que é incrivelmente importante para a política pública e eu não acredito que iria funcionar lá. E se simplesmente ele não me mostrar que funciona aqui, eu não vou acreditar em nada do que ele disse. E eu sei no que vocês todos estão pensando: times de queimada. (Risadas) Essa foi uma crítica enorme que temos que dizer, se vocês não puderem demonstrar isso com times de queimada, isso tudo é ridículo. Então saímos e achamos esse times de queimada e nos infiltramos neles. E fizemos exatamente a mesma coisa que tínhamos feito antes. Então, damos dinheiro ás pessoas dos times, e elas gastam com si mesmas. Em outros times, damos dinheiro para gastarem com seus colegas do time de queimada. Os times que gastam dinheiro com si próprios mantêm a mesma porcentagem de vitórias que tinham antes. Os times que recebem dinheiro para gastarem uns com os outros, se tornam times diferentes e, na verdade, eles dominam o campeonato quando terminam. Por todos esses contextos diferentes -- sua vida pessoal, sua vida profissional, até mesmo coisas bobas como esportes recreativos -- vemos que gastar com outras pessoas traz um retorno maior para as pessoas do que gastar com si mesmas. Então vou dizer apenas que, se vocês acham que dinheiro não traz felicidade vocês não estão gastando direito. Não estamos insinuando que vocês deveriam comprar esse produto em vez daquele e essa é a maneira de fazer vocês mais felizes. Insinuamos, na verdade, que vocês deveriam parar de pensar em qual produto vocês deveriam comprar para si mesmos e em vez disso, tentar dar parte dele para outras pessoas. E felizmente temos uma oportunidade para vocês. DonorsChoose.org é uma organização sem fins lucrativos para professores de escolas públicas de baixa renda principalmente. Eles divulgam projetos, por exemplo: "Quero ensinar Huckleberry Finn para minha turma e não temos os livros," ou "Quero um microscópio para ensinar ciência para meus alunos e não temos um miscroscópio." Podemos ir em frente e comprar um para eles. A professora te escreve um bilhete de agradecimento. As crianças te escrevem um bilhete de agradecimento. As vezes eles te mandam fotos usando o microscópio. É algo extraordinário. Vá ao website e comece a pensar menos em "Como posso gastar dinheiro comigo mesmo?" e mais em "Se eu tenho 5 ou 15 dólares, o que posso fazer para beneficiar outras pessoas?" Porque, no final das contas, quando você fizer isso, você descobrirá que irá beneficiar muito mais a si mesmo. Obrigado. (Aplausos)

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Psicóloga Juliana Gonçalves Oliveira Guedes

Psicóloga Clínica

Formada em Psicologia pelo Centro Universitário UNA. Atua como psicóloga clínica em consultório particular..